Olho Financeiro

Site sobre finanças pessoais e investimentos

A importância da Troca Intertemporal e dos Juros

A impossibilidade do ajuste no tempo

 

Existe algo muito importante que todo investidor deve conhecer: o juro, pois o que há de mais importante no mundo dos investimentos do que entender uma das variáveis que ajudam o seu dinheiro a trabalhar para você ao longo do tempo.

Uma definição técnica de juro é a seguinte: quantia que remunera um credor pelo uso de seu dinheiro por parte de um devedor durante um período determinado.

Colocando de uma maneira mais didática é como se em uma sala de aula João, um investidor nato, verifica que seu amigo Pedro está sem uma caneta para fazer uma prova muito importante.

Atento a isso João faz uma proposta a Pedro, falando que pode emprestar-lhe uma caneta durante a prova do dia, no entanto, no dia seguinte Pedro teria que devolver a caneta mais uma borracha, devido a situação em que se encontrava, Pedro decide aceitar a proposta e pega a caneta emprestada com o João.

No outro dia, Pedro devolve a caneta e dar uma borracha a João conforme o combinado do dia anterior.

No relato acima, podemos entender de forma simples vários aspectos, como a posição credora, que nesse caso era o João, a posição devedora: o Pedro, o juro da negociação: a borracha, pois é o que o João ganhou com o empréstimo de um dia da caneta.

Também é possível perceber uma outra variável envolvida no processo: o tempo. Para o João conseguir a borracha (juro da negociação) foi necessário passar 1 dia, ou seja, ocorreu na transação uma troca intertemporal com a aplicação dos juros.

Mas o que seria essa tal troca intertemporal?

O tempo é algo inexorável, ou seja, não temos como alterá-lo, a não ser no nosso relógio através dos ajustes nos ponteiros, porém, se a gente tentar voltar um dia nos ponteiros do relógio, não vamos ficar mais novos, sendo assim não temos como mexer nesta variável.

Mas então temos que “deixar a vida nos levar” como diz a música do famoso cantor Zeca Pagodinho? Não necessariamente, temos como reverter a nossa situação futura através de algumas escolhas que fazemos no tempo presente.

Essa escolha pode mudar a nossa situação futura, cabe destacar que não significa que ela é certeza de resultados bons, o que precisamos ter em mente é que podemos escolher no tempo e assim obtermos um resultado diferente do que teríamos se não fizéssemos nada, pois “camarão que dorme a onda leva” como canta a nossa cantora renomada: Beth Carvalho.

Essa forma de escolha no tempo alterando uma situação futura pode ser denominada como troca intertemporal.

Nesse sentido, destacam-se duas situações diferentes na troca intertemporal, quais sejam:
1) Usufruir agora, pagar depois (posição devedora);
2) Pagar agora, usufruir depois (posição credora).

Precisamos compreender a relação entre o que se pagou (custo) e o que se recebeu (benefício) numa dada transação. Podemos verificar isso através de dois parâmetros o juro e o desconto.

 

Dinheiro sugado do bolso pelos juros em uma posição devedora.

Posição Devedora

 

Enquanto o juro contabiliza os valores da troca do presente para o futuro (o valor adicional que se paga /recebe amanhã por aquilo que se tomou /cedeu hoje), o desconto faz a mesma operação só que em sentido contrário, ou seja, do futuro para o presente (o valor daquilo que se pagará/receberá, amanhã caso isso fosse pago/recebido hoje).

Com isso, percebe-se que o juro olha a troca intertemporal daqui para lá (do presente para o futuro) e o desconto de lá para cá (do futuro para o presente). Dessa forma, o desconto é o juro no espelho (simétricos).

Podemos ter a situação “usufruir agora, pagar depois”, quando por exemplo Paulo pega um empréstimo no banco para comprar um carro, o juro é o custo a ser incorrido mais tarde por se antecipar um benefício; ao passo que se Paulo consegue o dinheiro para pagar o empréstimo antes do tempo consegue um desconto, que é o valor desse mesmo custo que ele teria se pagasse ao longo do tempo, trazido ao presente, ou seja, caso ele tivesse de ser pago hoje.

Na segunda situação “pagar agora, usufruir depois”, Paulo decide investir o seu dinheiro para render mais e conseguir futuramente comprar um carro, o juro é o benefício a ser desfrutado mais à frente em relação ao custo incorrido no tempo presente; ao passo que o desconto é o valor desse dinheiro investido caso fosse retirado antes do tempo necessário para o juro agir.

Com as duas alternativas percebemos que ao mesmo tempo no qual o juro trabalha contra a gente, quando queremos adiantar um benefício, ele também pode trabalhar a nosso favor, e essa forma se mostra poderosa quando aliada ao parâmetro tempo, conforme demonstrado acima.

Percebemos que nem sempre é possível mensurar numericamente os juros nas trocas intertemporais. A atribuição de valor numérico para os juros requer a existência de um denominador comum, um numerário que permita comparar diretamente os custos e os benefícios presentes na antecipação ou adiamento de valores.

Mas, o que o leitor precisa compreender, na busca pela criação de riqueza, é sempre atentar para as trocas intertemporais, que nos deparamos no dia-a-dia, para, então, conseguir decidir a melhor opção, sempre tendo em mente alcançar a sonhada independência financeira.

Artigos Recomendados

Post a comment